Quando falamos sobre padrões de beleza, é impossível ignorar a China, uma nação com uma história rica e fascinante que atravessa milhares de anos. Tem tido uma grande evolução da beleza chinesa ao longo dos séculos, moldada por fatores culturais, filosóficos e políticos. O que é considerado bonito hoje difere bastante do que era valorizado há séculos, e entender essa jornada nos ajuda a apreciar não só a estética chinesa atual, mas também a relação entre cultura e beleza. Como uma jovem de 24 anos, apaixonada pela cultura asiática, acho fascinante olhar para trás e ver como a ideia de “beleza perfeita” foi redefinida tantas vezes.
Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.): A Delicadeza e a Harmonia
Na era da Dinastia Han, a beleza estava intimamente ligada à delicadeza e harmonia. O ideal de beleza era uma mulher com traços finos, pele clara, e feições delicadas. Havia uma forte influência do Confucionismo na sociedade, e a beleza era vista como reflexo de virtude e caráter moral. As mulheres se esforçavam para manter uma postura modesta e graciosa, com cabelos longos e pretos, muitas vezes presos em penteados simples, mas elegantes.
A maquiagem também já era parte da rotina de muitas mulheres da época. Elas usavam pó de arroz para clarear a pele e realçar a aparência de suavidade e pureza. Ter uma pele pálida era símbolo de status, já que indicava que a mulher não precisava trabalhar ao ar livre. O contraste entre lábios vermelhos, usando pigmentos naturais, e a pele branca era considerado o ápice da beleza. A maquiagem não era apenas uma questão estética, mas também uma forma de demonstrar respeito pela cultura e tradição.
Dinastia Tang (618 – 907 d.C.): A Beleza Voluptuosa e a Liberdade
Na Dinastia Tang, houve uma mudança drástica no conceito de beleza. Considerada uma das épocas mais prósperas da China, essa dinastia trouxe à tona um novo padrão: mulheres mais voluptuosas eram admiradas. A sociedade Tang era conhecida por sua liberdade e prosperidade, o que se refletia também no estilo de vida e na moda.
Pela primeira vez, as mulheres começaram a experimentar com cores vibrantes na maquiagem, como tons de rosa e vermelho nas bochechas, além de uma ênfase maior nos olhos, que agora eram destacados com delineadores. A sobrancelha fina, desenhada em formatos diferentes, tornou-se popular. O penteado também ganhou mais volume e ornamentos sofisticados, como flores e joias. Nesse período, ser mais cheinha era visto como sinônimo de saúde e fertilidade, um contraste interessante com a figura esguia valorizada em outras épocas.
Dinastia Song (960 – 1279 d.C.): O Retorno à Elegância Modesta
Com o início da Dinastia Song, houve um retorno à simplicidade e elegância modesta, lembrando os padrões da Dinastia Han. Mulheres magras, de pele clara e feições suaves, voltaram a ser admiradas. A sobriedade na aparência era vista como um reflexo de virtude moral e modéstia, princípios altamente valorizados durante essa dinastia.
Durante essa época, a prática de enfaixar os pés, conhecida como “pés de lótus”, começou a se popularizar. O processo de enfaixamento dos pés, iniciado em meninas muito jovens, tinha o objetivo de moldar pés extremamente pequenos, considerados um símbolo de delicadeza e feminilidade. Apesar da prática ter causado muito sofrimento às mulheres, ela se tornou um dos maiores ícones de beleza na China por séculos.
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Dinastia Qing (1644 – 1912): A Beleza Natural e as Tradições Manchus
Durante a Dinastia Qing, a última dinastia imperial da China, houve outra transformação no ideal de beleza. A corte Qing era governada pelos Manchus, um grupo étnico diferente dos Han, o que trouxe novas influências para a moda e beleza. As mulheres manchus, diferentemente das han, não enfaixavam os pés. Elas usavam sapatos plataforma para parecer mais altas, e seus penteados eram mais rígidos e estruturados, adornados com flores e enfeites chamativos.
No entanto, o gosto pela pele clara permaneceu. A maquiagem na Dinastia Qing era leve e natural, com um foco em manter a aparência fresca e saudável. As mulheres usavam bálsamos naturais para suavizar a pele e realçar sua juventude. A influência ocidental começou a aparecer de maneira tímida no final da dinastia, principalmente através de produtos cosméticos estrangeiros, mas a estética tradicional ainda prevalecia.
Século XX: A Influência Ocidental e as Transformações Radicais
O século XX foi um período de rápidas mudanças para a China, e os padrões de beleza não foram exceção. Com o colapso da monarquia em 1912 e a chegada da República, as mulheres começaram a adotar influências ocidentais. O estilo de cabelo “bob”, tão popular no Ocidente durante os anos 20, começou a ser visto em Shanghai, que na época era o centro da modernidade na China.
Nos anos 50 e 60, com a Revolução Cultural, o conceito de beleza mudou drasticamente. O ideal feminino passou a ser baseado na praticidade e na força, e o uso de maquiagem foi desencorajado. As mulheres vestiam uniformes simples, e a aparência deveria refletir a devoção ao trabalho e à revolução.
Foi só a partir dos anos 80 que a China começou a se abrir novamente ao mundo, e os padrões de beleza começaram a se globalizar. A pele clara ainda era um símbolo de status, mas agora, mulheres altas e magras, com traços mais ocidentalizados, começaram a ser admiradas. O uso de produtos de skincare e maquiagem aumentou dramaticamente, com a influência da indústria de beleza sul-coreana também começando a se destacar.
O Ideal de Beleza Atual: Mistura de Tradição e Modernidade depois da Evolução da Beleza Chinesa
Hoje, a beleza na China é uma fusão interessante de tradições antigas e influências modernas. A pele clara continua sendo altamente valorizada, assim como o uso de produtos de skincare que prometem uma pele impecável e radiante. Procedimentos estéticos como cirurgia para “dobrar a pálpebra” e o contorno facial são comuns, refletindo um desejo de se alinhar com os padrões de beleza globais.
Ao mesmo tempo, há um renascimento do interesse por elementos tradicionais, como o uso de ingredientes naturais nos cuidados com a pele e a valorização de traços que remetem às antigas dinastias, como a delicadeza e a suavidade.
A história da beleza chinesa é uma verdadeira viagem no tempo, mostrando como os padrões estéticos são profundamente influenciados pelo contexto social e cultural. De dinastias prósperas a revoluções culturais, cada era moldou a ideia de beleza de uma maneira única. O mais interessante, para mim, é perceber como, mesmo com todas essas mudanças, alguns elementos se mantiveram ao longo dos séculos, como a busca pela harmonia e a valorização da pele perfeita. Isso nos faz pensar sobre como os padrões de beleza de hoje continuarão evoluindo e o que será considerado belo nas próximas décadas.
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